"Lobos" saem de Bucareste de mãos a abanar
Portugal voltou a ter um dia negativo este domingo em Bucareste, conseguindo fazer ainda pior nesta 4.ª etapa do Grand Prix do que o desonroso 9.º lugar no passado fim-de-semana em Manchester onde, ao menos, conquistou a taça Bowl.
E é triste ver como se arrasta em campo uma seleção que, em dez anos, entre 2002 e 2011, se sagrou por oito vezes campeã da Europa desta variante! E a três semanas do arranque do circuito mundial de sevens da IRB (será na australiana Gold Coast, a 11 e 12 de outubro), é fácil constatar que este sete nacional - que pela terceira vez tem a responsabilidade de ser equipa residente do circuito - não está, nem de perto nem de longe, preparado para se bater de igual para igual com as maiores potências do mundo.
O que, com três treinadores (!) ao leme (Tomaz Morais, Pedro Netto e Rui Carvoeira) e jogadores experientes como Pedro Leal, Adérito Esteves, Joe Gardener, Diogo Miranda, Carl Murray e os gémeos David e Diogo Mateus, começa a ser difícil de explicar. Ou talvez não, se pensarmos que Diogo Mateus foi chamado aos 34 anos e após dois anos sem jogar râguebi (nesse entretanto foi treinador-adjunto e manager da seleção!) e Gardener aterrou de pára-quedas neste lote de jogadores há três semanas vindo do futebol americano!
Sem estratégia federativa e com uma errante linha de pensamento e de convocatórias, realmente só por milagre é que as coisas poderiam correr de outra forma.
Portugal começou por bater esta manhã a Itália, por 21-14, numa exibição fraca e plena de erros, mas que ainda assim chegou para ultrapassar uma Itália de fazer corar de vergonha as pinturas da Capela Sistina. Carl Murray, Diogo Miranda e Joe Gardener - este aproveitando bela arrancada de Adérito para dar o triunfo nacional - fizeram os ensaios.
Na final da Bowl o adversário foi a Geórgia, seleção sem a mínima aptidão para os sevens, mas que se encontra à nossa frente na classificação do Grand Prix, o que dadas as características do râguebi georgiano e a História da variante, parece anedota, mas não é.
Depois de 4" com os Lobos no meio-campo de Leste mas sem causarem perigo algum, um georgiano fartou-se daquele faz-que-anda-mas-não-anda nacional, sacou uma bola largada para o solo e sprintou 90 metros para abrir o marcador (5-0). Mas à beira do intervalo, um soberbo off-load de Gardener permitiu a Diogo Miranda (titular como médio de formação no lugar de Pedro Leal) virar o resultado para 7-5 ao intervalo.
Na 2.ª parte Portugal continuou sem capacidade nem engenho para perfurar a defesa contrária e após uma placagem "kamikaze" de Nuno Sousa Guedes a evitar o ensaio georgiano, ele acabaria mesmo por surgir logo a seguir, para os finais 12-7. A partida acabaria com os Lobos, onde finalmente surgiam reforços do banco (Leal, Vareta), acampados na área de 22 contrária, mas nem por decreto conseguiriam marcar, saindo do estádio Arco do Triunfo com as mãos a abanar: sem troféu e na antepenúltima posição.
Neste derradeiro jogo a equipa alinhou com: Adérito, Miguel Macedo, João Lino; Diogo e Joe Gardener; Nuno Sousa Guedes e Carl Murray.
Com mais este fraco desempenho Portugal irá quedar-se, no final das quatro etapas, pela 8.ª ou 9.ª posição final, ou seja, bem longe do objetivo federativo de ficar nos seis primeiros lugares.